segunda-feira, 18 de julho de 2011

A importância da comunicação na vida da Igreja



16/07/2011
Dom Orani João Tempesta - Arcebispo Metropolitano
Nestes dias acontecem dois grandes eventos relacionados com a comunicação: o 1º Seminário de Comunicação para os Bispos do Brasil e o 7º Mutirão Brasileiro de Comunicação. Encontros esses que querem aprofundar a importância desse assunto para a missão evangelizadora da Igreja.

Quando falamos em comunicação, estamos nos referindo ao processo comunicacional e a toda e qualquer forma de transmissão de mensagens, conteúdos ou informações para outras pessoas. O termo comunicação é abrangente e não se restringe aos meios midiáticos (rádio, TV, jornal impresso, site e etc), mas a toda e qualquer forma de relacionamento humano.

Falar da comunicação como espaço sociocultural para se realizar a evangelização no mundo contemporâneo significa abordar, sobretudo, um contexto de sociedade que se transforma numa velocidade alucinada, marcado pelos avanços tecnológicos, sobretudo pela era digital, que provoca mudanças sociais e de costumes, onde o mundo das comunicações se apresenta como uma área cultural de grande importância a ser refletida pela Igreja.

A Igreja em sua missão evangelizadora tem que comunicar Jesus Cristo, Senhor da Vida, nosso Salvador. Para comunicar essa Boa Notícia supõe que a pessoa que o faz seja evangelizada e não apenas saiba as técnicas da comunicação. É a Igreja e sua missão que fala por si mesma há dois mil anos e que tende a ocupar um espaço muito maior no Terceiro Milênio. Esse fato tem relevância quando percebemos que estamos inseridos neste meio e fazemos parte desta história. Esta é a história que nos compete. Somos chamados a atuar e a sermos "instrumentos de salvação" na história vivida de nossa cotidianidade. Esta sociedade midiática é o "lugar teológico" para cada um de nós, cristãos!

A principal imagem da Igreja é Cristo nos mistérios da encarnação, morte e ressurreição. Sendo assim, a Pastoral da Comunicação tem uma importância muito grande na vida de qualquer paróquia, pois tudo o que é feito e realizado em nossas comunidades tem como objetivo a evangelização.

Sabemos que não existe evangelização sem comunicação. Evangelizar implica necessariamente em comunicar. Até mesmo o testemunho de vida como ação evangelizadora é um pressuposto e também forma de comunicação. O ato de testemunhar é comunicar com a própria vivência a mensagem do Evangelho. As pessoas testemunham, porque outras entendem e captam a mensagem que elas transmitem através da sua forma de viver. E as mudanças rápidas das tecnologias de comunicação têm a ver com a vivência da fé cristã, quando pensamos, por exemplo, que estamos imersos numa cibercultura, a cultura virtual, que expressa o surgimento de um novo universal, sem totalidade. Um universo de técnicas, de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem e que exercem influência sobre a fé e a vivência da religiosidade.

A Pastoral da Comunicação cumprirá o seu papel em nossas dioceses, paróquias e comunidades quando assumir a formação e o compromisso de conscientizar a todos os ministros ordenados e os agentes de pastorais da necessidade de se comunicar e comunicar-se bem. Só comunica quem tem algo a dizer. E nós temos a mais importante mensagem, conteúdo, a notícia e informação a ser anunciada: a pessoa de Jesus Cristo. Trata-se, então, de estabelecer um diálogo entre Evangelho e comunicação, aprofundando as palavras de Paulo VI, no documento sobre a evangelização, “Evangelii Nuntiandi”, que afirma: "a ruptura entre o Evangelho e a cultura é, sem dúvida, o drama da nossa época" (EN, 20). Esta expressão é reconfirmada por João Paulo II em outro documento, sobre as missões, “Redemptoris Missio” (37).

Neste contexto, é preciso levar em consideração, entretanto, que não é apenas a existência de novos aparatos tecnológicos (estamos na era digital!), mas trata-se também de conhecer, compreender a revolução de linguagem que estamos vivendo neste início de Terceiro Milênio. Mudam os paradigmas, sobretudo, os métodos para explicitar a fé. Daí a importância e o convite para a Teologia conhecer, refletir e "iluminar" esse revolucionário "lugar teológico", que sempre mais provoca a mudança de referências, linguagens e métodos pastorais na evangelização atual.

Essa missão por si só exige de cada um de nós a excelência na comunicação. Comunicar é dever do cristão, um compromisso que assumimos com a Igreja de Cristo em anunciar o amor de Deus a todas as pessoas. O Documento de Aparecida nos exorta a uma conversão pastoral. A Pastoral da Comunicação de toda a Igreja quer se abrir a esta mudança, deixar-se guiar pela ação do Espírito Santo, que comunica em cada um de nós a presença viva do Cristo Ressuscitado. Queremos buscar a excelência em todas as formas e meios de comunicação, com o objetivo de evangelizar com renovado ardor missionário. Esta é a nossa missão, que nestes dias aqui no Rio de Janeiro, bispos provenientes de todo o Brasil, participamos do Secobb, e, na próxima semana – a oportunidade de milhares de pessoas interessadas em construir juntos a comunicação –, participaremos do Muticom. Que todos nós possamos continuar comunicando com renovado ardor a Palavra da Vida!

Tem início o 7º Mutirão Brasileiro de Comunicação




17/07/2011
Nice Affonso

O 7º Mutirão Brasileiro de Comunicação (Muticom) teve início na tarde deste domingo, 17 de abril, na Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), na Gávea, Rio de Janeiro. Com o lema “Comunicação e vida: Diversidade e Mobilidades”, o evento, que acontecerá até o próximo dia 22, pretende motivar as comunidades brasileiras a refletirem sobre a comunicação relacionada com a vida cotidiana e suas expressões.

Representantes de todas as diocese do Brasil, repletos de expectativas para a grande ocasião de aprendizagem que o Muticom proporciona, se reuniram na Igreja Sagrado Coração de Jesus para entregarem a Deus, durante a Missa de abertura do evento, todas as necessidades da comunicação social no Brasil.

O presidente do Conselho Pontifício de Comunicação Social, Dom Claudio Maria Celli presidiu a Celebração Eucarística. Concelebraram o presidente da Comissão Episcopal de Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Dimas Lara Barbosa; o Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta; o Bispo de Picos (Paraná), Dom Plínio José Luz da Silva; o Bispo de Guarapuava (Paraná), Dom Antônio Wagner da Silva, o coordenador geral do 7º Muticom, Padre Omar Raposo, e diversos membros do clero presentes ao evento.

Durante a homilia, ao refletir sobre o texto do evangelho em que Jesus conta a parábola do joio e do trigo, Dom Celli destacou que Jesus explica que poderia haver uma sociedade de homens puros e santos, mas que se não é assim é justamente porque existe um tempo especial da parte de Deus, “tempo de espera, tempo de corrida para a conversão dos pecadores, um verdadeiro tempo de misericórdia”.

- O anúncio desta tarde é um anúncio de esperança. As forças do mal não podem sufocar as forças de santidade, que, mesmo que ainda brotando, não podem ser destruídas. (...) O mal não vai prevalecer, lembrou Dom Celli.



O presidente do Conselho Pontifício de Comunicação Social falou de forma bastante afetuosa sobre os profissionais de comunicação que atuam em veículos católicos. E também recordou daqueles que, religiosos, trabalham em mídias leigas.

- Eu diria que a comunicação faz parte da vida dessas pessoas, é sua vida mesmo. Vivem sua profissão com dedicação, a assumem com um coração de católico, destacou.

A reflexão pontuou ainda sobre a necessidade do comprometimento de cada pessoa para que, cada vez mais haja na comunicação uma linguagem de justiça e verdade. Sempre tendo viva a certeza de que o comunicador cristão deve lembrar que, para ele, “a verdade é Cristo, o Senhor”.

Ao explanar sobre o tema deste 7º Muticom, Dom Celli deu destaque à importância de se pensar sobre a diversidade. Segundo ele, conforme o Papa Bento XVI vem frequentemente recordando, nesta sociedade pluricultural deve se estabelecer um diálogo respeitoso com o outro. E nessa trajetória é preciso lembrar que o tempo do outro é diferente e que a verdade dele também pode ser.

- Uma comunicação verdadeira precisa ser permeada por respeito pela dignidade do outro, enfatizou.

O presidente do Conselho Pontifício de Comunicação Social pontuou que, nesse contexto da apresentação da verdade ao outro, a grande tentação do comunicador é ser opressivo e também superficial – o que deve ser evitado.

Dom Celli finalizou a homilia convocando cada um a ser fiel ao seguimento da Palavra de Deus, a anunciando a qualquer homem e mulher que encontre em seu caminho.