quarta-feira, 31 de agosto de 2011

3º Encontro Nacional da Pascom acontecerá em 2012


31/08/2011
A Casa de Retiros Assunção, em Brasília (DF), foi palco, ontem, 30, de mais uma reunião dos Coordenadores Regionais da Pastoral da Comunicação (Pascom), a fim de debater e organizar o 3º Encontro Nacional da Pascom, que acontecerá em Aparecida, interior de São Paulo, de 19 a 22 de julho de 2012.

Os oito representantes, de várias partes do Brasil, definiram a grade de programação, os palestrantes e atividades que serão desenvolvidas no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Os participantes divulgaram ainda o blog oficial do 3º Encontro Nacional da Pascom (http://encontropascombrasil.blogspot.com ).

Segundo a assessora da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação Social, irmã Élide Fogolari, o encontro nacional da Pascom será, durante três dias “o centro de convergências para todas as pessoas que fazem a comunicação católica no Brasil e desejam aprimorar o ser e o fazer evangelização através da comunicação”.

As inscrições para o 3º Encontro Nacional da Pascom estarão abertas a partir do dia 1º de fevereiro de 2012.

*Foto: CNBB

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Carregar a cruz redentora de Cristo


29/08/2011
Dom Orani João Tempesta - Arcebispo Metropolitano

Domingo passado o Brasil recebeu a cruz e o ícone de Nossa Senhora que percorrerá todas as nossas Dioceses e as do Cono Sur, celebrando na América do Sul o início da Jornada Mundial da Juventude na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. A Cruz e o ícone de Nossa Senhora chegarão ao Brasil no próximo dia 18 de setembro através da capital do Estado de São Paulo, de onde iniciará sua peregrinação.

Por providência de Deus, neste domingo somos convidados a contemplar o mistério da Cruz de Cristo e de nossa Cruz. Teremos também oportunidade de aprofundar esse mistério no mês de Setembro, quando celebraremos a Exaltação da Santa Cruz e o dia de Nossa Senhora das Dores.

As leituras para as Missas do dia de domingo e dos dias santos foram escolhidas da Bíblia, de acordo com critérios específicos. Salvo exceções justificadas, durante um ano inteiro depois de se ler seguidamente um dos evangelhos sinóticos (este ano, Mateus) e segundo o tema do texto escolhido vem individuada a primeira leitura de um trecho do Antigo Testamento, com a oração feita pelo Salmo Responsorial. A segunda leitura segue um caminho bastante distinto (geralmente é a leitura contínua de uma carta do apóstolo Paulo, neste período, aquela aos romanos) e, portanto, não é intencional que seu argumento esteja em sintonia com os outros dois. Mas isso também acontece, notadamente como neste domingo, basicamente, não surpreendendo aqueles que se lembram da profunda unidade e coerência entre todas as partes da Sagrada Escritura.

Jesus anunciou a sua paixão iminente para seus discípulos e a Pedro, que tinha acabado de ouvir elogios como sendo o fundamento da Igreja (seriam as leituras do domingo passado, mas no Brasil celebramos a festa da Assunção), que protesta e promete: "Isso não acontecerá convosco, Senhor!", ganhando a repreensão mais severa do Mestre, que realmente chama de Satanás e diz: "Você é minha queda, porque não estás pensando como Deus, mas como homens". Então, para todos os discípulos que o seguem, talvez, por causa de uma honra e de uma glória que esperavam dele, ficam desiludidos: "Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo e tome a sua Cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la, mas quem perder a sua vida por minha causa vai achá-la. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?" Essas expressões baseadas na combinação do binômio salvar-perder descrevem a condição do crente e daquele que não é mais: a diferença é avaliar a vida presente e as coisas deste mundo como únicas e definitivas, ou apenas o prelúdio para outras, que valem infinitamente mais. Quem não acredita tenta "salvar" a sua vida, dando-lhe todo valor, buscando toda a satisfação que ele pode dar, buscando o limite para subjugar o mundo inteiro, mas isso não garante uma vida verdadeira, de fato, na realidade impede a vida futura: tudo de uma vez, e então nada para a eternidade. Isso compensa? Quem, ao invés, guarda um pouco para depois, garante, então, uma verdadeira vida, realiza a vontade do Senhor, que diz: que segui-lo, aos seus ensinamentos, e a seu exemplo, e como ele submeteu-se a uma Cruz, assim os discípulos resistem à tentação de recuar diante das dificuldades, das renúncias, dos sacrifícios que pode levar a permanecer fiel a ele.

Queridos irmãos, o Evangelho do seguimento revela que o cristianismo é um culto dinâmico, animado e exigente. Quem quer ser um discípulo de Jesus deve se espelhar n’Ele todos os dias para mudar e ser como ele, que assume até mesmo a morte para realizar a vontade do Pai e ser o nosso modelo. Portanto, o compromisso que o Senhor quer de nós é duplo: primeiro, crescer na fé através da participação nos sacramentos e a escuta da Palavra, elementos indispensáveis para o discipulado e, em em segundo lugar, lutar para alinhar nossas atitudes com seus ensinamentos, testemunhando, experimentando, no encontro com Cristo, que é o episódio mais belo de nossas vidas, porque Ele é o único que dá sentido à nossa existência, caso contrário, somos destinados à escuridão da morte . O discípulo sabe que conformando-se ao Mestre assume os traços de sua vida de fracasso e perda, mas a vitória conquistada por Cristo na manhã da Páscoa, com a promessa de vida eterna é consolo, aqui na terra: "quem perde sua vida por minha causa vai achá-la", encoraja-nos, então, a sermos discípulos, a caminhar na história, atrás de Jesus. Ele dá um exemplo impressionante, o do profeta Jeremias, de cujo livro, a primeira leitura apresenta a página mais dramática (20, 7-9). Ele diz de si mesmo, da sua vocação, e começa com uma frase de ousadia inimaginável: "Seduziste-me, Senhor, e eu deixei-me seduzir, numa luta desigual, dominaste-me, Senhor". Mas o chamado divino não é para levar uma vida fácil: "Tornei-me um objeto de escárnio a cada dia, e cada um é zombador de mim ... A palavra do Senhor se tornou para mim causa da vergonha e do ridículo". Daí a tentação de desistir; “disse a mim mesmo: eu não acho mais nele, e não falarei mais no seu nome!" Entretanto, uma vez superados, porque "não estava em meu coração como fogo ardente, contido em meus ossos, Eu tentei contê-lo, mas eu não podia." E aqui, em linha com as palavras de Jeremias e Jesus, as da segunda leitura (Romanos 12,1-2): "Não vos conformeis com este mundo, mas transformai, renovando sua maneira de pensar, de discernir a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito". Em outras palavras é o mesmo que o convite de Jesus a "pensar como Deus": portanto, não tenhamos medo de ir contra a maré, embora não seja fácil, mesmo se isso implica mal-entendidos e zombaria, o crente não busca a sua satisfação no imediato, porque ele sabe avaliar as consequências, sabe como olhar para mais longe. Esse também foi o convite do Papa Bento XVI, no último domingo, aos mais de dois milhões de jovens que se reuniram em Madri para a Jornada Mundial da Juventude, que, em 2013, será aqui no Rio de Janeiro, onde meditaremos sobre o tema: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações”. Sendo verdadeiros discípulos que carregam com o mestre a própria cruz, seremos missionários do Senhor no Rio de Janeiro, que acolherão os jovens de todo o mundo, e aonde somos chamados a dar testemunho da Cruz Redentora de Cristo!








quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Os Pais e as Familias






16/08/2011
Dom Orani

Todos os anos, nas celebrações próprias do mês de agosto, que é consagrado às vocações em geral, é tradição no Brasil celebrar, no segundo domingo, a Vocação Familiar, com ênfase na figura do pai de família. É quando a Igreja inicia, também, a Semana Nacional da Família. Portanto, comemorar o Dia dos Pais nos traz uma grande oportunidade de refletir sobre este papel indispensável e tão necessário na vida familiar de todo o povo de Deus espalhado pelo mundo inteiro.

Esta comemoração é feita em datas diferentes pelo mundo. Aqui no Brasil, atribui-se a data devido à proximidade da Festa de São Joaquim que, por algum tempo, foi celebrada no dia 16 de agosto (sabemos que hoje ela ocorre no dia 26 de julho). Então, também essa comemoração, mesmo com a exploração comercial, aqui no Brasil foi inspirada no pai de Maria, São Joaquim, antigamente comemorado no dia seguinte ao da Assunção.

As revistas, as colunas de jornais, os comentários das mídias em geral costumam discutir sobre a figura paterna e como exercê-la hoje. São muitas as ideias e teorias. Como poderíamos enfocar um aspecto dessa comemoração? A resposta a esta indagação é, sem sombra de dúvidas, muito vasta, mas, antes de qualquer definição que possa ser dada à pergunta, ser pai é um dom precioso dado por Deus a um varão, que deve exercê-lo durante toda a sua vida mediante a descoberta da vocação paternal e familiar.

No sentido cristão, a grande presença paterna que temos ou trazemos no coração e na alma é exatamente a figura do Criador, que, na condição de Pai de todos, nos criou um tanto quanto parecidos com Ele: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gn 1,26). Deus foi quem nos deu a vida e se condicionou desde o começo de tudo a ser nosso Pai, designando-nos para uma vocação específica: “Antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia; antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado, e te havia designado profeta das nações” (Jr 1,5). O próprio Jesus nos ensinou a assim chamá-Lo: “Pai nosso”.

No prático da caminhada familiar, naquilo que diz respeito ao pai de família no exercício do seu papel vocacional nos dias de hoje, sabemos, e não é surpresa para ninguém, que há uma infinidade de desafios encontrados no dia-a-dia, e que por vezes ferem a dignidade do papel paterno. O pai de família vem enfrentando, já há algum tempo, um verdadeiro massacre sobre si e o seu papel, produzido pela própria sociedade em diversas circunstâncias, ferindo em cheio os princípios e os bons costumes cristãos. A sociedade hodierna, infelizmente, relativizou aquilo que é absoluto, deixando de lado os valores da fé e condicionando todos a viverem no “tudo pode”, quando na verdade a Palavra de Deus nos diz na voz de São Paulo Apóstolo acerca da liberdade – “Tudo posso, mas nem tudo me convém”, exigindo, então, reflexão e discernimento diante das escolhas feitas. É-nos dito que a “Família é a célula da sociedade”, sendo de fato aquilo que nela seria o mais importante. Mas, em contra partida, a sociedade que é formada pela família (célula da sociedade), que, por sua vez, é formada pelos seus genitores, com a dignidade da prole, não vai bem, logo, a família, em linhas gerais, também não está bem.

Em vias de fato, o relativismo social tem minado o papel do pai em sua vida familiar. As drogas, prostituições, violências, alcoolismos, pré-conceitos, desempregos e outras situações da mesma natureza têm batido fortemente nas portas de nossas casas, intimidando as nossas famílias. Não são raras as vezes que encontramos famílias cristãs passando por situações difíceis geradas por esses problemas. A partir destas realidades vemos tristemente a destruição da família criada por Deus como proposta de dignidade e continuidade de seu Reino: “Crescei e multiplicai-vos”.

Apesar de toda esta realidade contra o bom êxito familiar que está cada vez mais presente em nosso meio social, não podemos deixar de lado os nossos anseios em lutar e contribuir sempre para que o pai de família possa ter condições necessárias para exercer a sua vocação paterna. O papel do pai é fundamental nesta construção que edifica a caminhada cristã e solidifica a família. Ser pai no momento atual de nossa história é de fato enfrentar um grande desafio, mas, acima de tudo, é trazer para si mesmo a vivência de uma grande vocação na companhia da esposa e mãe de família, não se esquecendo, em momento algum, do acolhimento de seus filhos, educando-os na lei de Cristo e na fé da Igreja, conforme juramento feito no dia do casamento.

Assim sendo, a história e a realidade nos levam a crer que Deus, na condição de Pai, quis que todos os seus filhos, na experiência da vida humana, pudessem desfrutar desta oportunidade da convivência familiar com presença paterna, materna e fraterna. O pai é sempre aquele que acolhe e conduz a sua família para os bons caminhos, assim como o bom pastor, zeloso, piedoso e amoroso. Deve ter a preocupação com o bem-estar de todos que estão sob os seus cuidados, sendo presença marcante e diária, evitando que a mesma venha a ser destruída pelas paixões desordenadas. Deus Pai no céu, que cuida e zela por todos os seus filhos, é o exemplo para o pai de família na terra, que deve cuidar de todos os seus confiados.

Neste contexto, quero elevar a Deus uma súplica especial por todos os pais que estão no convívio de Deus, incluindo meu saudoso pai, homem de fé e que me encaminhou para os caminhos de Deus. Aos pais presentes, minha bênção e minha oração, para que sejam educadores e transmissores dos valores do Evangelho aos seus filhos. O verdadeiro pai é aquele que junto de sua mulher alimenta a vida conjugal e alegra os filhos com o tesouro da vocação. Que nossos pais sejam construtores desta família humana, rosto divino de Deus.

Que Deus abençoe a todos os pais!

† Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ